Publicado por Glauco Braga. (Blog Santos em Off) em 03/01/2018

Marly Vicente da Silva é a presidente do Instituto Socioambiental e Cultural da Vila dos Pescadores. Ela é uma das lideranças da comunidade em Cubatão, área carente da cidade. Marly tem ficado à frente de um movimento que tenta paralisar a construção da cava subaquática. A obra, no leito navegável, pode acondicionar 2,5 milhão de metros cúbicos de sedimentos contaminados dragados no Canal da Piaçaguera, entre eles metais pesados. Essa cava fica ao lado da comunidade

Quantas pessoas vivem na Vila dos Pescadores atualmente?

Aproximadamente 30 mil habitantes.

 

Quantos pescadores temos aí?

Diretos e indiretos perto de 200.

Vocês foram procurados por alguém para discutir a construção da cava subaquática?

Não.

 

Os pescadores sentiram alguma diferença com essa cava sendo construída?

Sim. A comunidade que vive aqui também.

O que vocês temem com esse cava tão perto da comunidade?

O pescado ficou mais escasso e à noite sentimos forte odor de coisa podre.

 

O que vocês já fizeram e tem feito para saber mais sobre essa cava é o que ela representa para a comunidade?

Estamos nos organizando, buscando informações e esclarecendo à população local. Fizemos reuniões e audiências. Sabemos que os riscos são a destruição dos manguezais e a extinção da pesca artesanal.

 

Já foram procurados por alguém da imprensa para discutir impactos na comunidade?

Até o momento não. Eles foram convidados para participar da audiência e não compareceram.

 

Qual é o maior receio das lideranças da comunidade com essa cava?

Os impactos no meio ambiente e na população, já que os sedimentos são altamente tóxicos. Não somos contra o desenvolvimento, mas não queremos que Cubatão volte a ser o Vale da Morte.

Já estiveram com algum politico? Qual?

Não. Talvez, quem sabe, quando estiver perto das próximas eleições.

 

Vila dos Pescadores:

Originou-se, na década de 1960, quando um grupo de pescadores artesanais se instalou no local, visando a exploração do Rio Casqueiro, fonte geradora de seu sustento. Alguns recursos básicos favoreceram o crescimento da vila, como a proximidade do bairro residencial do Jardim Casqueiro e da Via Anchieta.
A partir de 1972, devido ao problema habitacional, verificou-se um crescente fluxo populacional nesta área. Esta situação agravou-se, quando a empresa santista de economia mista Progresso e Desenvolvimento de Santos S.A. (Prodesan) iniciou a execução de um aterro sanitário, em território santista situado na margem oposta do Rio Casqueiro, o que obrigou a população que ocupava essa área a se deslocar, vindo a instalar-se na então denominada Vila Siri.

O núcleo está localizado nas proximidades do Jardim Casqueiro, ocupando uma área de 13 hectares entre o Rio Casqueiro e os trilhos da antiga Rede Ferroviária Federal ou E.F. Santos-Jundiaí (RFFSA), sendo limítrofe à Av. Bandeirantes, até proximidades do Viaduto 31 de Março. (http://www.novomilenio.inf.br/cubatao/bvpescad.htm)